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COLUNAS


José Eustáquio Oliveira de Souza


Presidente da Editora VEGA Ltda. e membro do conselho da Aberje. Atuou em cargos de destaque na área de comunicação de grandes multinacionais, como o Grupo Gerdau.

A crise da comunicação e os conselhos da especialista

              Publicado em 24/10/2013
Os tempos andam bicudos para quem trabalha sério com comunicação no Brasil. Comecemos pelos nossos colegas fotógrafos e jornalistas. Viraram sacos de pancada literalmente. Além de – como de costume – apanhar da polícia ao fazer o seu trabalho de cobrir as passeatas de protesto que passaram a compor a paisagem cotidiana do País, também tomam sopapos e são xingados por “heroicos democratas mascarados” ao serem flagrados pelas câmeras da imprensa exercendo seu sagrado direito de agredir policiais e queimar e quebrar tudo que veem pela frente em nome da solidariedade anarquista-anticapitalista-que-levará-o-Brasil-ao-primeiro-lugar-no-conserto-das-nações. Principalmente agências bancárias, lojas de departamento, bancas de revista e veículos de transporte coletivo – não só pelos R$ 0,20, sabe! O número de agressões a jornalistas e de vandalismo a veículos pertencentes a empresas de comunicação mais do que dobrou nos últimos 12 meses no Brasil. Desde outubro do ano passado foram registradas 136 violações contra a imprensa, contra 51 casos entre outubro de 2011 e outubro de 2012, com crescimento de aproximadamente 166,6%.
 
Os dados fazem parte do Relatório para Liberdade de Imprensa 2012-2013, lançado pela Associação Brasileira de Rádio e Televisão (Abert) durante a 43ª Assembleia Geral da Associação Internacional de Radiodifusão (AIR), realizado no Rio de Janeiro em outubro deste ano. O documento informa, ainda, que nos últimos 12 meses, cinco jornalistas foram assassinados no País. Segundo o presidente da Abert, Daniel Slaviero, os casos de agressão a jornalistas se acentuaram desde a eclosão dos protestos no País e vieram tanto dos manifestantes quanto da polícia. Não menos atribulada tem sido a dos escritores.
 
Que o digam os que se especializaram em escrever biografias de celebridades – agora elevadas ao pedestal de censores “bem intencionados” do tipo “vocês podem falar de mim, mas somente a favor”, como querem expoentes como Caetano Veloso, Gilberto Gil, Roberto Carlos e Chico Buarque. Escritores críticos da realidade brasileira então, coitados. Basta proclamar seu ponto de vista em fóruns chiques, como a Feira do Livro de Frankfurt, como fez o escritor mineiro Luiz Ruffato, para o porrete comer solto no lombo do crítico “inconveniente”.
 
Embora não estejam sujeitos a pancadas físicas e xingamentos, a vida também não anda nada boa para quem trabalha em comunicação, nas empresas públicas e privadas brasileiras. A par dos cortes de verbas orçamentárias e do medo de demissão que tradicionalmente tiram o sono das pessoas nos momentos de crise econômica como atual, nossos rapazes e moças da linha de frente da comunicação empresarial amargam outro revés terrível: o total desprezo de boa parte das empresas com seus públicos de relacionamento, principalmente os clientes e a sociedade.
 
São comoventes os depoimentos dando conta da frustração de profissionais sérios e compromissados com a falta de respeito aos stakeholders praticado por empresas dos setores bancário, telecomunicações e do varejo em geral, para ficar apenas nesses segmentos da economia. O leitor mais arguto já adivinhou o motivo do desconsolo dos coleguinhas. É isso mesmo: eles trabalham para empresas que não se incomodam em ocupar, todos os anos, os primeiros lugares na lista dos piores prestadores de serviços do Brasil, conforme dados dos PROCONs nacional e estaduais. Além de não entregarem para os consumidores o que lhes vende por meio dos sedutores comerciais que veiculam na mídia, a maioria das empresas desses setores praticam tudo o que há de não recomendável em comunicação social quando o assunto é o relacionamento com os clientes: mentem, enganam, protelam.
 
Comprovar o que foi dito acima é fácil. Basta recorrer ao noticiário cotidiano que trata do assunto nas rádios, jornais e TVs Brasil afora. São inúmeros os depoimentos irados de consumidores mal atendidos, de advogados denunciando empresas, ou de funcionários dos PROCONs explicando o que deve ser feito contra os contraventores. Imagine o sofrimento dos profissionais que trabalham nas assessorias de comunicação para arranjar um argumento razoável para atender jornalistas e consumidores que os procuram para cobrar das empresas uma solução para os problemas por elas criados. Imagino, também, como deve ser o diálogo dos profissionais com os executivos dessas empresas. Deve ser uma conversa tão surreal quanto a que somos obrigados a ter com os atendentes dos “Call Centers” dessas empresas. Sabem por quê? Porque executivos compromissados apenas com os “resultados”, seja como for, entendem comunicação somente como propaganda voltada para notificar, persuadir e seduzir. O “resto” é conversa fiada de intelectual, afirmam. Coitados.
 
Eles ainda não aprenderam a dar o devido valor para a comunicação séria e competente. Porém, não perdem por esperar, seus dias de glória estão contados.  Mais dia, menos dia, o clamor das ruas atingirá os corações e mentes não apenas dos políticos, mas principalmente das empresas. E não será apenas pelos R$ 0,20 que a mudança que virá. Ela virá por meio do aprofundamento da democracia no Brasil e derrubarão reputações, carreiras e ganhos dos que não respeitam os clientes e a sociedade. A sorte deles é que têm chances para mudar seu comportamento e, portanto, promover uma reviravolta nas empresas que comandam. Uma boa dica é seguir os sábios conselhos contidos no livro que a professora Elisa Prado lançará, em breve, pela Coleção Grandes Nomes, da ABERJE. 
 

Extraí do livro dois bons conselhos que ela dá para executivos que querem liderar empresas de sucesso: 1 - Monitore diariamente o que seus consumidores falam de sua marca. Saiba ouvir com equilíbrio as críticas e aprenda com elas. Afinal, é o seu consumidor alertando sobre um problema e, muitas vezes, ele poderá trazer uma solução; 2 - Um líder precisa cultivar boas relações. Para tanto, deve manter contatos periódicos com todos os stakeholders, manter-se informado sobre percepções, inovações e questões em discussão no mercado em que atua e sobre os demais assuntos referentes ao universo que o envolve. Comprometa-se com uma agenda que o leve a relacionar-se constantemente com colaboradores, clientes, fornecedores, mídia, jornais impressos, blogueiros, comunicadores, ONGs e governos. Não é simples, mas é crucial para você e para a empresa. Sua imagem como líder precisa ser construída. Saiba que é somente por meio desses contatos e relacionamentos que você se posicionará corretamente frente aos desafios, expondo suas ideias e pensamentos e ocupando seu espaço. Tendo esses conselhos em mente, mãos à obra. 


Os artigos aqui apresentados não necessariamente refletem a opinião da Aberje e seu conteúdo é de exclusiva responsabilidade do autor. 2944

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